quarta-feira, 28 de maio de 2008

Novos desafios da ASC

Sendo a Animação sócio-cultural um conceito em constante mudança e actualização, que acompanha e flutua com a movimentação da sociedade com o passar dos tempos, vê com estas mudanças cada vez mais alargado o seu campo de acção.
Na opinião de Esaú Dinis, o futuro da ASC apresenta um cenário tridimensional, a saber; uma corrente proteccionista estatal resumida numa politica para as pessoas; outra que assenta na vertente de uma intervenção levada a cabo por uma politica com pessoas onde a ASC serve para criar e imprimir dinâmicas comunitárias destinadas à resolução de problemas concretos e uma terceira corrente ligada a novos âmbitos emergentes da vida quotidiana e onde a figura do Animador vai ter um relevante papel de mediação e dinamização do tempo de ócio das diferentes faixas etárias.
Eu penso que a animação sociocultural terá três vertentes: uma mais conservadora no interior da própria democracia, consistindo em tirar partido daquilo que já existe, seja na fruição dos bens culturais, seja no levar mais longe aquilo que é a componente instrutiva e educativa da própria educação, seja a partir de campos delimitados como o desporto, o turismo. Permitirá, durante o tempo em que as pessoas estão disponíveis, que tirem melhor partido do que já têm mesmo sem o valorizarem.
Penso que há ainda uma segunda dimensão que é mais reformista ou “revolucionária” e mais prospectiva, no sentido em que há na sociedade a necessidade de partir para uma democracia mais participada, mais inovadora e, ao mesmo tempo, abrindo novos caminhos para as pessoas se libertarem e encontrarem o verdadeiro sentido das suas vidas.
Há um terceiro caminho, que passa pela Animação do quotidiano que não pode deixar de ser feita, que é relativa a grupos tocados por problemáticas de droga, de delinquência, que se ocupam de idosos, de deficientes, de imigrantes, em que o animador tem um papel muito importante.
Podemos verificar por estas palavras o papel fulcral que a ASC pode ter na prevenção de muitos flagelos que atingem a sociedade actual, através da sua acção formadora, educativa, integradora e dinamizadora, não digo que se consiga erradicar a Toxicodependência da nossa sociedade, mas penso que se fossem promulgados programas não de prevenção, mas sim de informação junto sobretudo dos mais jovens, com a sua sensibilidade e com a informação de que hoje têm ao seu dispor, muitos deles não se iriam deixar cair nesse sub mundo que não dá mais para fingir que não existe.
Para isso também os políticos têm de começar a perspectivar a ASC de uma forma mais séria e entender que a ASC pode dar uma ajuda importante para se conseguir diminuir o número de jovens que se tornam toxicodependentes, devido a muitos factos conforme nos referimos anteriormente.
O ex-Presidente da República Jorge Sampaio afirma:
Não tenho dúvidas em afirmar que a droga é um dos mais importantes problemas com que hoje em dia, as famílias portuguesas são confrontadas e que provoca fenómenos dramáticos de exclusão e de marginalizações sociais, insegurança, conflitualidade, intolerância, em muitas áreas urbanas e rurais e que são sinais evidentes de doença de uma parte da nossa sociedade e que afecta gravemente a coesão nacional.
A minha preocupação com o problema da droga levou-me, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a criar um Plano Municipal de Prevenção da toxicodependência. Ainda que as autarquias não tenham competências específicas nesta área não era possível deixar sem resposta uma questão tão importante para os cidadãos.
Assim nasceu o primeiro Gabinete de Prevenção da Toxicodependência numa autarquia portuguesa e foi possível dinamizar milhares de jovens, da quase totalidade das freguesias de Lisboa, em programas de prevenção inteiramente imaginados por eles. (…)
Sabe-se que a toxicodependência – como, aliás, acontece com outros fenómenos de exclusão social – é o produto de uma conjugação, sempre singular, de acidentes biográficos. Isso não impede que possamos e devamos identificar os principais factores de vulnerabilização presentes nas nossas sociedades, já que a acentuação da sua incidência em certos grupos sociais promove maiores propensões ao consumo de drogas.
Concentrando a atenção no universo juvenil, impõe-se começar por sublinhar alguns aspectos relacionados com a crise dos mecanismos de integração social associados á família e às redes de solidariedade de vizinhança. O seu papel protector e socializador não pode deixar de ser, por isso, abalado.

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