quarta-feira, 28 de maio de 2008

Contextualização Teórica

A animação sociocultural surge como uma necessidade social, devido ao desenvolvimento industrial e urbano. Às mudanças sociais e tecnológicas, sobretudo às necessidades que o Homem tem de se adaptar à mudança, não só para compreender a sociedade em que está inserido, mas para colaborar activamente na transformação da mesma.
Segundo a UNESCO a Animação Sociocultural surge numa reunião levada a cabo pela organização, na Áustria, em Moudasse, no ano de 1950. No entanto, Ezequiel Ander-Egg (1999), refere que a expressão “Animação Sociocultural foi utilizada inicialmente na Europa desde os meados dos anos 60, particularmente em França e Bélgica”
Na Europa a Animação Sociocultural nasce dos movimentos de educação popular, que pretendem a educação da população.
A Animação Sociocultural é uma metodologia de intervenção, que assenta num conjunto de práticas sociais que visam gerar processos de participação com o objectivo de promover o desenvolvimento sociocultural, pessoal e educativo. No entanto, definir o conceito Animação Sociocultural é ainda uma tarefa difícil, devido à sua ambiguidade.
O termo Animação tem uma dupla raiz, latina e grega. Pode-se falar de Animação como “anima”: sentido, vida, dar espírito ou alento; “animus”: motivação, movimento e dinamismo.
A nível etimológico, a “Animação infunde vida, dá ímpeto, é um “Actuar sobre” algo, também incita e motiva para a acção, é um processo relacional, uma maneira de “actuar na sociedade”
Assim, partindo desta definição é possível constatar que a Animação é algo dinâmico, activo, que tem que ser visto como um processo que potência o modo como as pessoas ou os grupos olham e se “inscrevem” na realidade.
Segundo Ezequiel Ander-Egg (1999), a “animação sociocultural nasce como uma forma de promoção de actividades destinadas a encher criativamente o tempo livre, corrigir o desenraizamento que produzem os grandes centros urbanos, evitar que se aprofunde ainda mais a fenda ou fossa cultural existente entre diferentes sectores sociais, desbloquear a comunicação social mediante a criação de âmbitos de encontro que facilitam as relações interpessoais, alentar as formas de educação permanente e criar condições para a expressão, iniciativa e criatividade de mesma gente”
Para Ander-Egg, a prática da Animação pode ser vista a partir de três níveis diferentes: “como uma das metodologias de intervenção social; como uma das formas de acção dentro da política cultural; pelas suas acções específicas”.
No que respeita ao património nível metodologia de intervenção social, o autor diz que a Animação Sociocultural apoia o seu fundamento teórico nas ciências humanas. Para o mesmo, “os métodos e técnicas e Animação, baseiam-se numa pedagogia participativa, o que supõe (…) a procura da autogestão como forma de organizar o trabalho cultural. Por isso o princípio operativo básico da Animação é o de que as actividades sejam participativas”.
No segundo nível, forma de acção dentro da política cultural, menciona os Estados, que passaram a ter a responsabilidade pela política cultural, e dentro das acções desta política “distinguem-se actividades de difusão cultural, de promoção cultural, de gestão cultural e de animação sociocultural”. No entanto, a animação não faz parte de toda a política cultural, apenas daquela que produz avanços e que quer desenvolver processos de participação dos indivíduos.
No terceiro e último nível, Ander-Egg menciona as funções específicas da animação, ou seja, a animação tem funções tão distintas como as de “promover, alentar, animar a gente, despertar inquietações, alentar à acção (…)”. Mas a especificidade da animação não é tanto pelo que faz, mas mais pela forma como se faz: “A Animação Sociocultural não tem tanto a finalidade de proporcionar e espalhar a cultura – isto também o faz – senão a de promover um contacto de práticas e de actividades destinadas a gerar os processos de participação no maior número possível de pessoas”.
Para Quintas e Castaño, a definição de Animação assenta numa dupla perspectiva “ «dar vida» ou «pôr em relação» ”Animar é «dar vida», dar um novo ânimo, um novo rumo à vida de cada indivíduo, porque os “grupos sociais necessitam de potenciação, apoio e clarificação das metas”[. Animar é «pôr em relação», é um “elemento mediador que nos «põe em relação» com o envolvente e com todas as possibilidades”, onde o animador é o elemento que faz a ligação entre o indivíduo e as suas responsabilidades, a sua comunidade, e meio em que está inserido. Animação é uma referência para uma melhor compreensão desta nova forma de intervenção sócio-pedagógica. Cada indivíduo, segundo as suas perspectivas políticas, científicas e ideológicas e a sua própria prática, poderá ou não aceitar as definições a que nos propõem.

Sem comentários: